4.11.09

Besouro

Finalmente alguém teve coragem de enfrentar os preconceitos do cinema nacional e dizer "por que não fazer um filme de ação no Brasil? um filme de herói, um épico?". E quem teve a coragem de fazer isso foi João Daniel Tikhomiroff, o publicitário brasileiro mais premiado no festival de publicidade de Cannes. Pena que o resultado é o fraco Besouro, baseado no livro Feijoada no Paraíso de Marco Carvalho, que por sua vez foi baseado em extensa pesquisa sobre a vida do Besouro real que viveu na Bahia na década de 20.
Besouro é considerado por muitos o maior capoeirista que já existiu, até hoje seu nome é cantado nas rodas de capoeira e sua história de fato foi heróica, inspirada e trágica. Sua luta para libertar os negros, que quase 40 anos após a abolição da escravatura ainda viviam em um regime de quase escravidão foi o que inspirou o povo a se unir e eventualmente conquistar melhores condições de vida.
Já no filme eu nem sei o que dizer do Besouro. Com um roteiro mal desenvolvido e uma montagem muito equivocada, parecendo até preguiçosa em alguns momentos e pedante em outros, não há desenvolvimento algum de nenhum personagem. E isso não se aplica só para Besouro, cheguei ao final do filme sem entender se o Coronel é só aquele estereótipo de coronel cruel e populista, ou se existe algo maior por trás do rancor que ele sente por Besouro e mesmo o que significa sua relação com Teresa, uma de suas "escravas", que parece ser algo mais do que sexual, ele claramente demonstra ciúme durante a visita do deputado. E por falar nele, o deputado é um personagem completamente dispensável na trama, não serve nem para mostrar o poder de influencia do coronel (o que deve ter sido a motivação para sua criação).
Outra personagem perdida é Dinorá, criada exclusivamente para o filme Dinorá é o interesse romântico de Besouro e também de Quero-quero, seu amigo de infância, um triângulo amoroso que será fundamental para os eventos que desencadeiam a morte de Besouro. O problema é que Dinorá, vivida por Jessica Barbosa, não parece estar envolvida por nenhum dos dois.

No entanto, visualmente o filme é muito competente, a fotografia é ótima, a direção de arte impecável e a coreografia das cenas de luta é perfeita, mérito de Huen Chiu Ku que tem no currículo coreografia de lutas para filmes como O Tigre e o Dragão e Kill Bill.
E falando nas lutas, esse é outro problema do filme, ele está sendo divulgado como um filme de ação, mas as cenas de luta são muito poucas e o personagem título passa a maior parte do tempo contemplando sua condição e tendo sonhos/alucinações com os orixás e seu mestre, que morre no início do filme. Nem mesmo o clímax existe no filme, o confronto final entre Besouro e o Coronel e seus capangas é interrompido abruptamente pela montagem, antes de ter engrenado a ponto de encantar o espectador.
Joseph Campbell descreveu diversas vezes em seus trabalhos sobre mitologia o que ele chama de A Jornada do Herói (para entender melhor dê uma olhada neste link). E é isto que não vemos no filme: como Besouro passou de um malandro que gostava de se exibir para o representante de seu povo, um herói que merece ser lembrado até hoje.
Fica difícil se comover com um filme que não deixa você se envolver com nenhum personagem.

ps: fico devendo a foto, o Blogger não tá deixando eu fazer upload... ¬¬

3.11.09

Surrogates / Substitutos


Substitutos (Surrogates) é um filme que poderia ter sido muito bom, muito bom mesmo, se ousasse se aprofundar em pelo menos um dos elementos propostos por sua trama, mas tudo está diluído, sem impacto e sem impressionar. No futuro a maior parte dos seres humanos vive reclusa em suas casas e utilizam robôs (os surrogates do título original) para executar todas as tarefas e interações sociais de sua rotina (é como se o Second Life fosse a sua única life, mas com robôs) e a tecnologia permite aos usuários uma imersão empírica total através de seus robôs e sem os riscos a vida, ou seja vc pode pular de paraquedas sem medo pq mesmo se ele não abrir o máximo que vc terá que fazer e comprar um novo surrogate. Além disso as doenças estão praticamente extintas, pois sem contato humano não há contágio, a discriminação racial, social e por aparência em geral deixou de existir, pois são todos robôs bonitos e em excelente forma e até mesmo a criminilidade caiu 99% durante os anos de surrogacy.
Mas existe uma pequena parcela da sociedade que se recusa a viver através de "puppets" (pejorativo para surrogate) e vivem em colônias fechadas onde só é permitida a entrada dos humanos. Entre eles há um homem que se destaca e se intitula O Profeta, que prevê que a era dos surrogates está chegando ao fim (e se necessário, por suas mãos).
Neste contexto ocorre o assassinato do filho do criador dos surrogates através de uma misteriosa arma que permite matar o usuário ao ser disparada contra o surrogate. Aí entra em cena Bruce Willis, interpretando (como sempre) o detetive durão que tem um passado trágico, para investigar tal assassinato com a ajuda de sua parceira Agente Peters (Rhada Mitchell).
Mas como eu disse no início do texto, o problema de Surrogates é a falta de comprometimento com as boas idéias apresentadas pelo roteiro, idéias como o impacto do surrogates nas guerras, a identidade do indivíduo ao poder escolher o corpo que quiser, as consequências de ter 99% da população mundial literalmente pluggada a uma rede de servidores de uma empresa privada, o que implica ao ser revelado que determinado personagem humano era na verdade um surrogate e muito mais. Tudo é superficial, e portanto esquecível. Ao se prender na dicotomia surrogacy x realidade o filme parece datado, especialmente nos dias de hoje onde temos The Sims, Second Life, World of Warcraft e outros MMORPGs.

7.10.09

Whiteout

O Rotten Tomatoes elegeu "Terror na Antártida" o 100º pior filme da década, mas tenho que discordar, o filme não é tão ruim assim, mas continua longe de ser bom.
Baseado na graphic novel homonima, Whiteout conta a história da agente do FBI Carrie Stetko (Kate Beckinsale) que tem a ingrata função de policiar as bases de pesquisa instaladas na Antártida. Às vésperas de seu retorno a climas mais quentes depois de dois anos de isolamento um corpo é encontrado e Stetko deverá investigar o primeiro assassinato da Antártida.
A premissa parece atraente, não? E realmente é. A história em quadrinhos parece ser muito boa, mas infelizmente ainda não tive a oportunidade de ler. A história em si é boa, a investigação faz sentido e a resolução do mistério não é óbvia.
Tirando o aparecimento de um personagem meio que do nada após a primeira aparição do assassino e a seguinte falta de comprometimento da protagonista para verificar o background de tal personagem, o maior problema do filme é a completa falta de ritmo na montagem. A trama não parece fluir, às vezes arrastada, às vezes dá saltos e nesse meio tempo, quem está assistindo não consegue se envolver.
O que salva mesmo o filme é a Kate Beckinsale. Com uma atuação competente e cada vez mais linda, seu carisma em cena salva cada fotograma em que aparece. Por isso mesmo, é acertada a decisão de iniciar o filme acompanhando Kate pelos corredores das instalações, seguir para seu quarto e acompanhá-la remover as incontáveis camadas de roupas necessárias para suportar o frio do polo e depois entrar no banho, com direito até a uma abaixadinha pra ligar o chuveiro.

4.10.09

A verdade nua e crua...

...é que A Verdade Nua e Crua é uma comédia romântica medíocre que de romântica tem pouco e de comédia oscila entre o engraçado e o ofensivo passando muitas vezes pelo constrangedor.
Seguindo a premissa básica (e batida) de que homens são simples e só querem sexo, enquanto as mulheres são complicadas e buscam amor verdadeiro este A Verdade Nua e Crua tenta inovar ao escancarar estes estereótipos nas palavras de seu protagonista, o apresentador de TV Mike Chadway (Gerald Butler) cujo sucesso vem de dizer em alto e bom som as "verdades" sobre os relacionamentos em seu programa matinal .
O conflito vem de sua relação com Abby Richter (Katherine Heigl), a produtora do programa que ao mesmo tempo que se sente ofendida pelas ideias de seu apresentador, se deixa levar por elas para tentar conseguir namorar seu vizinho. É claro que em determinado momento os dois opostos se atraem, brigam, fazem as pazes e vivem felizes para sempre seguindo a receita básica das comédias românticas.
Na minha opinião A Verdade Nua e Crua tem dois grandes problemas. O primeiro é que a premissa de escancarar as "verdades"sobre os homens parece promissora em muitos momentos, mas o final é um tanto anticlimático vendo que este "homem de verdade" só é assim por ter tido seu coração partido diversas vezes e hoje tem medo de se apaixonar. Tenho que admitir que mesmo sendo uma versão caricata da mente de um homem me reconheci em muitos dos comentários de Chad, mesmo os mais ofensivos. Me desculpem mulheres, mas os homens SÃO simples e se você quer chamar a atenção a combinação de sutiã que levanta + decote é garantia de sucesso, então ver Chad se revelar uma fachada para um "homem sensível e inseguro" foi lamentável. Mas acho que é o preço que se paga por ter três mulheres escrevendo um roteiro sobre a mente do homem...
O segundo problema é que muitas das piadas do filme não funcionam. Na sala que estava muitas gags passaram despercebidas pelo público que permaneceu em absoluto silêncio. Outras piadas chegam a ser até mesmo ofensivas, mas no mau sentido.
Quanto a dupla de protagonistas, Gerald Butler está ótimo apesar de um pouco canastrão e Katherine Heigl se esforça, mas sua atuação é um tanto pálida.

7.9.09

Esquilo!

Dizer que o novo filme da Pixar é excelente já é redundante. É impressionante e quase inacreditável como a Pixar consegue sempre trazer produções impecáveis que ao mesmo tempo nos emocionam e nos divertem. Algumas coisas precisam ser ditas, neste décimo longa produzido pelo estúdio eles provam uma vez mais que antes de tudo fazem filmes para toda a família assistir, diferente do resto da indústria onde animação é sinônimo de filme para crianças com algumas piadas para adultos. Em segundo lugar fica claro que a Pixar não tem medo de ir contra a lógica do mercado ao apostar sempre em novas ideias fazendo questão de não seguir as formulas do sucesso de produções anteriores. E é corajosa ao inserir em seus filmes temas profundos da vida, como neste novo Up, cujo tema central é como um senhor de 78 anos lida com o falecimento de sua esposa e a dificuldade que tem em seguir com sua vida. Um tema muito comum para uma animação, não?
A sinopse apresenta a metáfora da história Carl Fredricksen (Chico Anysio na versão dublada) é um senhor viúvo que ao ser confrontado pelo progresso que quer lhe tomar a casa, decide amarrar milhares de balões nela e voar para a América do Sul, um lugar com o qual ele e sua esposa sonhavam em viver aventuras quando jovens. No caminho tem a surpresa de estar levando o pequeno escoteiro Russell, que estava em sua varanda no momento da decolagem.
Muito bem equilibrado entre a comédia e o drama sutil (algo realizado com perfeição em Wall-e) Up é mais um marco na história de uma empresa que surpreende o mundo a cada lançamento.
E fiquei muito feliz e aliviado que nesta primeira incursão da Pixar no cinema 3D eles não tenham sentido a necessidade de "jogar" coisas em direção ao público em usos gratuitos do recurso, ao contrário, o 3D de Up está lá apenas para enriquecer a beleza visual do longa.
Uma última observação, na sala onde assisti não foi exibido o curta Partly Cloudly que acompanha Up (outra tradição da Pixar), pra quem também não pode conferir no cinema aqui está:

26.8.09

A expectativa... e como ela atrapalha

Fui assistir ao supercomentado "Se Beber, Não Case". Sendo abençoado pelo deus das comédias de hoje (Judd Apatow) este filme está sendo considerado uma das comédias mais engraçadas (se não A mais engraçada) do ano. E esse é justamente o problema do filme, ou pelo menos foi para mim. Entrei no cinema já com um sorriso no rosto esperando deslocar o maxilar de tanto rir.
Não me entendam mal, o filme é excelente, uma comédia de chorar de rir, mas ao mesmo tempo não é nada demais. Na verdade, me lembrei muito de outras comédias do gênero "amigos numa roubada" como "Harold and Kumar go to White Castle" e "Cara cadê meu carro?". Só para situá-los, a trama acompanham três amigos que, depois de uma noite de bebedeira na despedida de solteiro de outro deles, precisam refazer seus passos para tentar entender o que aconteceu na noite anterior e encontrar o noivo que está sumido (eu adivinhei onde tava o noivo rapidinho), e pra isso encontraram tigres, strippers, chineses afetados, um bebê e Mike Tyson.
Mas volto a insistir, "Se Beber, Não Case" é muito bom e a maior parte de suas piadas funcionam muito melhor do que nos exemplos que citei, mas pra mim não merece o título de melhor comédia do ano.

Por outro lado, tive uma experiência inversa ao assistir ao filme dos Comandos em Ação (ainda não me acostumei a chamá-los de G.I. Joe). Fui esperando um filme muito ruim, cheio de ação e efeitos especiais e com quase nenhuma história (tipo o que foi Transformers 2), mas fui tão preparado para um lixo de filme que acabei me surpreendendo com certos elementos do filme. Primeiro foi o fato de conseguirem criar uma história de fundo para toda a ação que queriam colocar na tela, uma história óbvia com diálogos mais rasos que uma piscina de bolinhas, mas mesmo assim uma história... que faz sentido.
Mas é claro que o principal são as espetaculares cenas de ação com destaque para os confrontos entre Snake Eyes (Ray Park desperdiçado) e Storm Shadow, incluindo o confronto entre os dois quando ainda crianças.
Fiquei um pouco decepcionado com a participação do Joseph Gordon-Levitt, um ator que acho muito competente, mas que teve a ingrata função de criar praticamente três personagens em um com pouquíssimo tempo de tela, ou seja, não conseguiu desenvolver o personagem.
E novamente, para deixar claro, G.I. Joe está longe de ser um filme bom, bem longe, mas esperava coisa pior e no final acabei me divertindo.

16.8.09

Drag me to Hell


Christine (Alison Lohman) é amaldiçoada depois de negar uma extensão de prazo em um empréstimo para uma velha cigana e terá apenas três dias para evitar que o demônio Lâmia a arreste para o Inferno!
Depois disso o que se sucede é uma sequência de ótimos sustos e momentos de humor negro que remetem às origens do diretor Sam Raimi, especificamente à trilogia Evil Dead.
Realizado como uma homenagem aos filmes do gênero do início dos anos 80 (a vinheta da Universal é a mesma usada no período, a trilha dos créditos finais foi composto originalmente para O Exorcísta e após o filme há um promo convidando a visitas à Universal em Orlando também usada na época) Arraste-me para o Inferno é um ótimo exemplo do terror bem humorado de Raimi.
Com uma trama inteligente e atuações que ao mesmo tempo abraçam os clichês do gênero, mas mantém a construção do personagem até o final (destaque para a protagonista Alison Lohman que confere humor e desenvolvimento para Christine tão bem quanto grita) e apesar de conseguimos prever muitos dos sustos que estão por vir,todos funcionam muito bem e chegamos a nos divertir ainda mais por criar esta expectativa.
Além disso o uso da escatologia para provocar o riso é acertado em diversas cenas, chegando a ser ridículo (e por isso ainda mais engraçado) a quantidade de catarro, sangue, fluidos de decomposição, etc excretados durante a projeção. E fica óbvio que o filme não deve ser levado a sério quando a "mocinha" derruba uma bigorna sobre a velha cigana.
Uma coisa que me incomodou, mas que deve ter sido um problema da sala de projeção onde eu assisti, foi uma certa inconstância nas cores do filme, às vezes na mesma cena, em um corte, a cor dava uma variada. Imagino que deve ter sido um problema de projeção no momento da troca dos rolos.
Arraste-me para o Inferno é um filme muito engraçado que consegue manter os sustos até o final e mesmo o final sendo tanto óbvio não deixa de ser satisfatório e impactante.

11.8.09

Eu sei de tudo!


À Deriva é um filme sobre a perda da inocência. Filipa (Laura Neiva em sua estréia como atriz depois de ser descoberta no Orkut) é uma garota de 14 anos que passa as férias de verão em Búzios com sua família e enquanto descobre sua própria sexualidade, testemunha o fim do relacionamento de seus pais depois de descobrir que seu pai (Vincent Cassel) está tendo um caso com a americana Ângela (Camilla Belle).
O diretor Heitor Dhalia (Nina, O Cheiro do Ralo) realiza um trabalho competente, mas sem mérito para destaque.
A imagem do filme é bem trabalhada e os tons amarelados empregados destacam ainda mais a beleza natural de Búzios ao contrastarem com o cinza das rochas. Mas convenhamos, conseguir belas imagens filmando em Búzios não é um mérito, é quase uma obrigação!
A ambientação (a história se passa no início dos anos 80) é bem realizada, com um bom trabalho de Direção de Arte e figurino.
A música de Antonio Pinto contribui muito para o clima do filme, especialmente porque os diálogos são poucos e a relevância das descobertas e sentimentos da protagonista Filipa são bem traduzidos na trilha sonora. Mas há alguns momentos que senti falta de um silêncio...
No entanto À Deriva sofre de um antigo problema do cinema nacional, algo que parecia já ter sido superado, o Som Direto. O som ambiente às vezes está alto demais, em muitos diálogos a dublagem fica evidente e há uma cena que tive a nítida impressão de alguém ter esbarrado no microfone.
No elenco o destaque é mesmo para a novata Laura Neiva, ela conseguiu com muita competência transmitir as emoções (por vezes conflitantes) que Filipa passa ao deixar a infância e ser forçada à vida adulta. Deborah Bloch, como sempre, é competente ao dar vida a Clarice, a mãe alcoólatra e extremamente infeliz com sua vida. Vincent Cassel tem uma certa dificuldade coma a entonação do português, mas seu Mathias é bem composto como um pai que ama sua família e teme perder o que tem, principalmente teme perder a relação que tem com sua filha mais velha, Filipa. Camilla Belle, apesar de sua importância para a trama, não passa de uma figurante glorificada, com apenas duas falas no filme (mas eu adoro o sotaque dela quando fala em português), assim como Cauã Raymond, mas ambos se saem bem em suas pontas.
À Deriva é tocante, mas falta muito para que se torne memorável.


2.8.09

Luluzinha Teen


Há quase um ano atrás escrevi sobre o lançamento de Turma da Mônica Jovem e acho que nada mais justo dar minha opinião também sobre o novo lançamento deste segmento, Luluzinha Teen.
Sei que muita gente vai dizer que Luluzinha Teen não passa de uma cópia de Turma da Mônica Jovem, inclusive esta era minha opinião antes de ler, mas tenho que dizer que é uma cópia muito melhor que o original.
LT é o que TMJ deveria ser. Simples assim. Os personagens foram atualizados e vivem em uma realidade muito parecida com a nossa onde tudo é conectado, a Luluzinha tem um blog na HQ e nós podemos acessá-lo de verdade atraves do www.luluteen.com.br (diferente do frustrante www.cebola.com.br que é mencionado em TMJ #1). Os personagens tem twitter e comunicam-se entre si através deles, e nós podemos simplesmente acompanhar, ou interagir. Dá uma olhada nestes exemplos:

AninhaTeen: Acho que a gripe me pegou =/
AlvinhoTeen: @AninhaTeen Gripe suína? Fique longe da minha praia :-)
@AlvinhoTeen hahahahaha claro que não seu bobo!







Lulu: @luluzinhateen
Aninha: @aninhateen
Glorinha: @glorinhateen
Bola: @bolateen
Alvinho: @alvinhoteen

9.6.09

I'll be back!


Terminator Salvation tenta seguir a história de John Connor(Christian Bale) , o salvador da humanidade depois que as máquinas controladas pela Skynet dominarem o planeta. Desta vez, ao contrário da trilogia anterior, ninguém é mandado para o passado para proteger Connor de mais um ataque de Terminator e também não vemos nenhum Terminator mais avançado que o TX apresentado no longa anterior, mas vemos alguns modelos novos, como os mototerminators, os T-600 e os robôs destacáveis dos Hunter-killers (aqueles clones do Megatron).
A trama se passa em 2018, quando a Skynet está prestes a construir seu primeiro T-800 (o "modelo" de Arnold Schwarzenegger nos dois primeiros filmes, no terceiro ele era um T-850), ao mesmo tempo, a Resistência (os humanos que se organizaram para enfrentar as máquinas) descobrem algo que pode acabar com as máquinas de uma vez por todas.
Perdidos no meio desta trama estão Kyle Reese(Anton Yelchin) , que um dia será enviado de volta ao passado para proteger Sarah Conoor e se tornará pai de John, mas no momento é um adolescente; e Marcus Wright (Sam Worthington), um prisioneiro condenado à morte e executado em 2003 (eu acho, não lembro ao certo) e que ressurge vivo e sem ter envelhecido em uma das bases da Skynet e que todo mundo que viu o trailer sabe que é um cyborg.
Esse é um dos maiores problemas do filme todo mundo que viu o trailer sabe que ele é um cyborg e conhecendo os outros filmes você já fica com um pé atrás sabendo que o mais provável é que ele seja alguém mandado pela Skynet para matar o John Connor (afinal essa não é a trama de todos os filmes de Terminator?). Por causa disso vários momentos que se tornariam divertidos para os fãs da série por serem dicas da verdadeira identidade de Marcus perdem a graça, pois vc já estava esperando por eles, como a maneira que ele tira a arma de Reese, ou o clássico soco na cara do Terminator. E por falar nisso, todas as referências à trilogia original parecem forçadas, a maioria você consegue prever e o que deveria ser uma coisa bacana se torna cansativa.
A ideia de situar o filme no futuro e não ter a viagem no tempo típica da franquia eu achei ótima, é algo que todo fã da série sempre quis saber como era: o Futuro, como realmente era John Connor, o líder da resistência, mas esta ideia foi muito mal executada, elementos chave da trama são muito forçados ou previsíveis, ou pior ainda, simplesmente idiotas. Abaixo algumas observações que são spoilers para quem ainda não assistiu ao filme:
1- Tem que ser muito ingenuo para acreditar que as máquinas deixariam que existisse um sinal de rádio-frequência que pudesse desligar todas elas. Mesmo se isso existisse deveria haver uma forte criptografia e sinais de confirmação variáveis. Temos que lembrar que a Skynet é o computador mais avançado do mundo e não consigo acreditar que ela deixaria uma falha de segurança tão grande assim exposta. E adivinha só... não deixou, era uma armadilha, ...
2- Quando Kate Connor (Bryce Dallas Howard), que a propósito é uma veterinária, constata que Marcus tem partes robóticas e orgãos humanos (ou seja é um cyborg) e principalmente que ele possui cérebro humano, mas também um chip processador, a primeira coisa que eu pensei foi ok, pq não tiram o chip então? Se ele está sendo controlado pelas máquinas vc retira o chip, deixa só a parte mecânica e pronto, vc tem um cara relativamente normal. Mas não, Marcous tinha que fazer isso ele mesmo em seu momento de redenção final...
3- Nossa que coração forte, nossa que coração maravilhoso, o melhor coração que eu já vi! Ok! Já entendemos, o coração do Marcus vai ser importante no final do filme! Não precisa ficar repetindo em toda cena que o cara tem um coração perfeito.
4- Todos os médicos deveriam cursar a escola de veterinária que a Kate Connor cursou, pq além de ela conseguir estabilizar John depois dele ter sido atravessado no peito por uma barra de aço (um quadro clínico que dá ao paciente uma expectativa de vida de aproximadamente 0.2 segundos) ela consegue realizar um transplante de coração (deve ser rotina isso para veterinários) enquanto estava grávida de uns 8 meses.
5- O plano da Skynet era levar Kyle Reese para a fábrica para atrair John Connor para lá e aí matar os dois, certo? Isso me levanta várias perguntas: 1º como a Skynet sabia que o pai de John Connor era o Kyle Reese? Saber quem é a mãe é fácil, mas duvido que conste na certidão de nascimento do Connor que Reese era seu pai, isso sempre foi guardado como um segredo, o próprio Connor não contou para Reese antes de enviá-lo de volta no tempo para proteger sua mãe. E por Reese ter morrido no passado, antes de ter nascido e numa época em que a Skynet ainda nem existia seu corpo nunca deve ter sido reconhecido e não deve haver registro nenhum que ligue Reese a Connor, mas o filme deixa claro que a skynet sabe dessa ligação no momento em que Reese é retirado da fila de prisioneiros e é isolado em uma cela separado do grid que abre as demais. 2º mesmo que eu esteja errado e a Skynet já sabia de tudo, pq esperar o John Connor chegar à fábrica para matar Reese, se matar o pai antes dele engravidar a mãe automaticamente John Connor deixa de existir. 3º se o plano era atrair o John Connor para matá-lo, pq deixar apenas um T-800 para fazer o serviço? Eles estão em uma maldita fábrica de terminators, depois de confirmar a entrada de Connor, manda todas as unidades disponíveis para onde ele tá e acaba logo com o assunto!
6- Na batalha entre Connor e o T-800, Connor derruba metal derretido e incandescente em cima do T-800, o que não provaca danos no Terminator, e mesmo depois de resfriado o Terminator continua operacional. Mas não foi exatamente isso que destruiu o T-800 no segundo filme???
7- Será que só os mototerminators tem entrada USB 2.0, ou esse é um acessório padrão de todos os modelos?
8- Blair Willians (Moon Bloodgood) defendendo Marcus: "Ele é um cara legal, ele não quis me estuprar, mesmo ele sendo metade máquina tenho certeza de que se ele não fosse gente boa ele me estupraria!"
Pra completar tudo isso McG é um diretor muito brega e exagerado, a cena onde os prisioneiros estão em fila na fábrica da Skynet parece ter saída diretamente de um videoclipe ruim de Heavy Metal.
Ok... não gostei do filme...

12.3.09

Crítica às críticas...


Quem conhece o site Rotten Tomatoes sabe do serviço extremamente interessante que ele realiza. O site reune as dezenas de críticas disponíveis na internet sobre um mesmo filme e a partir delas cria um índice de aprovação do filme. Além disso, ao reunir todas as críticas em um mesmo lugar fica mais fácil vizualizarmos as tendencias da consciencia coletiva dos críticos e até mesmo as diferentes visões de críticos de países diferentes.
Poder observar estas tendências explica certos absurdos que acontecem no mercado cinematográfico, sendo o mais recente as crescentes premiações a Slumdog Millionaire. O filme de Danny Boyle é uma fábula sobre como o amor pode surgir dentro das maiores adversidades (e que qualquer um pode virar milhionário se tiver sorte). O filme é muito bem editado, é visualmente maravilhoso e conta com algumas boas atuações, principalmente das crianças que vivem o protagonista e seu irmão na primeira fase. Mas fora isso... a direção é burocrática, o roteiro é previsível e risível, os personagens não são bem construídos e suas relações parecem apenas obrigação do roteiro sem nenhum envolvimento real. Mas mesmo assim foi vencedor do Oscar de Melhor Filme (entre muitos outros) e possui um índice de aprovação de 94% no Rotten Tomatoes. Na minha opinião quem melhor conseguiu dissecar esse fenomeno foi o crítico brasileiro Pablo Villaça que escreveu: "Em 2002, uma forte discussão em torno de Cidade de Deus tomou conta do meio acadêmico e da crítica: capitaneado pelo conceito da “cosmética da fome” definido pela pesquisadora Ivana Bentes, o debate girava em torno da argumentação de que o filme embalara a violência e a miséria de forma a torná-las apenas uma fonte de entretenimento, numa triste deturpação da ideologia admirável por trás da “estética da fome” concebida por Glauber Rocha na década de 60. (...) Ora, se o que o demente Eli Roth costuma fazer em suas porcarias misóginas pode ser facilmente classificado como pornografia da tortura, não é necessário um grande salto para enxergar este Quem Quer Ser um Milionário? como uma variação sobre o tema, surgindo, portanto, como uma espécie de triste e reprovável pornografia da miséria. Ou, aqui, sim, se aplicando perfeitamente, como um projeto que abraça sem reservas a cosmética da fome definida por Bentes."
Já os outros 94% de críticos, sendo sua maioria americanos, acostumados com os filmes pipocas e sem lembrança de Glauber Rocha abraçaram esta "cosmética da fome" e enalteceram um filme bonito e (talvez) emocionante, mas sem virtude nenhuma.
Outro fenômeno mais recente ainda (e que portanto talvez seja um pouco prematuro eu comentar) é Watchmen. A adaptação da obra prima de Alan Moore conta com apenas 64% de aprovação entre os críticos e está sendo "acusada" de ser fiel demais à graphic novel em que se baseia e que de não possuir a mesma relevancia social e política que a obra original têm. Me corrijam se estou errado, mas estamos em 2009, certo? Ok, porque lendo algumas das críticas disponíveis no RT tive a impressão de estar de volta em 1986. É claro que Watchmen (o filme) não tem a mesma relevancia! Se passaram 23 anos desde seu lançamento!!! Todo o cenário social e político (especialmente nos EUA) é completamente diferente da época do lançamento da HQ (graphic novel é HQ!). O que estes "críticos" deviam perceber é que hoje Watchmen serve como um retrato de uma época anterior e aí está sua relevancia! Outra coisa que tem me irritado são as acusações do filme ser fiel demais e que a estrutura narrativa não funciona no cinema como funcionava na HQ. Uma das grandes genialidades de Watchmen é sua estrutura narrativa, privar o filme disso é descaracterizar a obra. Muitos crítico estão dizendo que quem não leu a HQ original terá dificuldade de acompanhar a trama, mas eu digo que isso é subestimar a inteligencia do público.
Mas o que mais me impressou foi que quase todas as críticas que falavam mal de Watchmen começavam da mesma maneira "Os fanboys que me perdoem, mas vou falar mal de Watchmen". Primeiro, como se ser fã fosse algo ruim, fanboy é pejorativo? Segundo, todas essas críticas parecem escritas simplesmente para causar polemica, ou para inflar o ego destes pseudojornalistas que se colocam acima dos "nerds fanáticos por Watchmen".
Watchmen é um filme excelente, muito bem realizado, com atuações marcantes e (pásmem!) com conteúdo.
Estou perdendo a fé nas críticas, mas apenas porque quem as escreve são os crítico. Na dúvida se um filme é bom? Eu digo assista! E forme sua própria opinião!

29.8.08

Cebolinha é coisa do passado!!

Turma da Mônica Jovem é o novo lançamento da Editora Maurício de Sousa em parceria com a Panini Comics sob o selo Planet Manga. Espera aí! Eu disse Turma da Mônica e mangá na mesma frase? Por mais estranho que possa parecer, essa é a nova aposta de Maurício de Sousa para o futuro da turminha que é a cara dos quadrinhos nacionais.
E as mudanças não param por aí, a idéia toda é criar um novo conceito em gibi para um público um pouco mais velho que os leitores tradiconais da Turma. Voltado para adolescentes (ou talvez sejam pré-adolescentes, não sei) Turma da Mônica Jovem traz todos os personagens que conheçemos tão bem agora crescidos e com diversas mudanças além de seu visual, mudanças como o Cebolinha (que agora é simplesmente Cebola) não falar mais "elado", o Cascão tomar banho e a Magali controlar o que come para manter a boa forma e a saúde.
Já foram lançados o nº zero (que na verdade foi distribuído gratuitamente e contem poucas páginas apenas para revelar os personagens) e o nº 1 que é onde realmente começa a trama que moverá as primeiras edições da revista. Nota-se aqui outra mudança, haverão arcos narrativos que durarão diversas edições, que serão dividas em capítulos apresentando uma história contínua ao invés das histórias de cinco ou seis páginas que encontramos nos gibis tradicionais da Turma.
Ao ler a primeira edição é inevitável sentir um desconforto inicial ao ver ações perfeitamente naturais para um adolescente sendo retratadas por estes personagens (troféu Meu Deus! da edição: Cebolinha conferindo os peitos da Mônica). Mas ao passar este primeiro estágio de estranhamento você percebe que o Maurício de Sousa tem nas mãos um material com um enorme potencial, tem a chance de experimentar com uma outra linguagem de de abordar temas que não poderia com a turminha.
Mas aí chegamos ao capítulo dois deste nº 1. É aí que somos apresentados ao conflito principal desta primeira fase: a mística e poderosa Rainha Yuka foi libertada da pedra lunar pelo Poeira Negra (antes conhecido como Capitão Feio) e irá conquistar o mundo se não for impedida pela... Turma da Mônica, é claro. Não me entendam mal, eu sei que o estilo Mangá precisa ser justificado com uma história como essa, mas acho que pela falta de experiência nesta área o Maurício de Sousa deu uma derrapada na hora de construir os elementos da trama. Pra começar ele fez uma salada de frutas de referências, temos ninjas centenários reencarnados nos pais da turminha (o.O), espíritos protetores que serão os guias da aventura, cartas onde estão escritos feitiços
que se tornam realidade ao serem lançadas (geralmente usados para gerar monstros como dragões e monstros de areia), as dimensões paralelas e a busca por artefatos mágicos. E juro que li e reli e fiquei muito tempo pensando se aquilo tudo era para ser levado a sério, ou se era para ser encarado como mais uma sátira feita pela turminha (algo como foi Batmenino Eternamente e Horassic Park) e apesar de coisas como um dos artefatos ser chamado de "jóia genial" e a imagem de "na próxima edição..." ser um rip-off de Caverna do Dragão cheguei à conclusão que sim, é pra levar a sério, mas não como você levaria um mangá de verdade, não veja a possibilidade do Cascão perder um braço ao enfrentar um dragão, algo que é muito possível para personagens de mangás tradicionais.
Mas ao final de tudo posso dizer que gostei bastante da iniciativa e espero que o Maurício cumpra o que prometeu e continue lançando mensalmente a revista até pelo menos 2014 e tente encontrar uma nova identidade para o gibi (quer dizer, mangá!) e experimente outras possibilidades de histórias, talvez um pouco menos fantasiosas, ou talvez um pouco mais elaboradas, sei que eu gostaria muito de ver histórias simples sobre o dia a dia desta nova turma.

PS: Agora uma coisa que eu não consegui engolir ainda é chamar o Anjinho de Céuboy!!! Céuboy???? Sinto muito, mas Céuboy não dá... só não é pior que
Auréolakid, ou Menino-Asa! Teria sido uma ótima oportunidade para por exemplo revelar que o Anjinho teria um nome, um nome de anjo como Gabriel, Miguel, ou Rafael, mas mesmo assim um nome!!! Acho que seria muito mais legal e muito mais marcante.

25.7.08

I Believe In Harvey Dent

E Falando em Cavaleiro das Trevas...
O que mais impressiona no filme é o modo como passou de uma história de super-herói, que nós conhecemos bem, pra um thriller policial, quase um noir, como se o Batman tivesse dado o ar da graça em "L.A. Confidencial", sem mudar o foco do filme.
Faço meus os elogios ao filme feitos no post anterior. O filme é inovador, consegue elevar as histórias de super-heróis à um patamar diferente. Se a moda pegar, com certeza não haverá mais brigas com namoradas e mulheres para escolher qual filme assistir no cinema, sendo que boa parte das mulheres não costuma apreciar histórias de homens que voam, usam cueca por cima da calça, soltam teias pelas mãos ou mesmo tornam-se verdes, grandes e descontrolados quando irritados.
Concordo que o protagonista surge apagado no filme, mais que isso, chega a ser fraco o papel do herói, e parece que ele não se esforça muito pra mudar a situação. Chega a ser compreensível a falta de força do personagem, tendo em vista o papel do Coringa na trama, e o fato de Christian Bale ter representado 3 diferentes personagens no filme, mas é no mínimo condenável a voz rouca criada pelo ator para o herói.
Deixando um pouco de lado a presença do Coringa no filme (muito bem avaliada pelo meu colega de blog), o personagem mais importante da trama é Harvey Dent, o promotor de Gotham city que luta contra o crime utilizando os métodos convencionais, e como diz o título do post, realmente cheguei a acreditar nele, e o Sr. Bruce Wayne também, planejando uma futura aposentadoria dos seus deveres de vigilante. A crença no personagem atinge a todos, mesmo os que conhecem a história dos quadrinhos, querendo que ele consiga colocar Gotham nos eixos. Depois da morte de Rachel Dawes (Maggie Gyllenhaal), Harvey começa a questionar seus valores e é atormentado pelo vilão, vivido por Heath Ledger, até começar sua busca por vingança daqueles que o fizerem perder seu amor. Na minha (humilde) opinião, esse processo de mudança no personagem chega a ser um pouco acelerada, a chegada de Duas Caras talvez tenha sido um pouco precipitada, mas o vilão que ele se torna não é aquele convencional, nem de perto lembra o vivido por
Tommy Lee Jones no filme de 1995. O Duas Caras de Aaron Eckhart é um ser atormentado pela perda de sua amada, simplesmente em busca de vingança, sem compartilhar de nenhuma atração pelo crime com o Coringa, suas ações são resultados da dor que sente e não da vontade de destruir o Batman. Esses elementos fazem o Duas Caras mais humano, menos vilão, e não nos fazem lembrar daqueles personagens de
video-game que temos que matar no final de cada fase. Queria que ele tivesse vivido pra participar de um próximo filme, seria no mínimo interessante.
Depois de "Homem de Ferro", "Wall-E" e "Cavaleiro das Trevas" só me resta aguardar o "Hellboy" e para o ano que vem o "Watchmen" (ainda não vi "Hulk" e "Fim dos Tempos"), espero que a onda de bons filmes continue e assim possa ter muito o que comentar aqui. Claro que não vai ser só cinema o tema do blog, mas com certeza ele será recorrente.
Assista "O Cavaleiro das Trevas" e acredite em Harvey Dent, eu acreditei.

23.7.08

Why... so... serious?

Depois da estréia de "Batman - O Cavaleiro das Trevas", é impossível começar este blog falando sobre qualquer outro assunto.
Nem mesmo a perspectiva de uma nova lei já aprovada no Senado que irá restringir absurdamente o uso da internet (algo que iremos citar nos próximos posts) parece superar a grandiosidade deste novo filme do Morcego, ou melhor, este filme do Coringa.
Desde o primeiro instante em que aparece em cena o Coringa domina o filme e grande parte do crédito por isso é a atuação viceral do falecido Heath Ledger.
"O Cavaleiro das Trevas" nos apresenta o Batman vivendo em uma Gothan City passando por uma transformção provocada justamente por seu surgimento e como toda transformação esta é cercada por incertezas e medo. Neste cenário de uma sociedade perdida que vê Batman com um misto de esperança e desconfiança surgem duas figuras que em lados opostos da lei são os verdadeiros protagonistas deste filme.
De um lado Harvey Dent surge como o Cavaleiro Branco de Gothan, o promotor eleito, incorruptível, que está colocando na cadeia os principais criminosos da cidade, o que obviamente está irritando muita gente. Sua trajetória no filme, até se tornar o vilão Duas Caras é extremamente comovente e a atuação de Aaron Eckhart realmente mostra a transformação interna gradual do personagem.
Do outro lado surge o Coringa, cuja motivação é difícil de compreender logo de início, mas que é o catalisador para o desenrolar da história. Ledger conseguiu criar um Coringa psicologicamente complexo e extremamente assustador que é a força que move o filme. Cada gesto, cada entonação de voz, cada olhar, tudo foi meticulosamente desenvolvido por Ledger criando uma figura instável, agressiva e densa. Com carta branca concedida pelas duas grandes facções criminosas de Gotham para fazer o que for necessário para matar Batman, o Coringa tenta instituir a anarquia na cidade, jogando uns contra os outros e quebrando a pouca credibilidade que o Morcego tinha perante ao público e a própria polícia. Além disso ele demonstra um estranho prazer em quebrar a suposta moralidade inabalável de Harvey Dent. Mas o duelo entre o Coringa e o Batman se transforma em algo muito maior, é o confronto de duas idologias, é a pura dicotomia entre o bem e o mal, e a hipótese de que o bem o o mal se completam, que sem um o outro não existe, é muito bem explorada.
Mesmo com uma boa atuação de Christian Bale (com exceção à voz cavernosa do Batman) o protagonista do filme surge apagado diante de um elenco de peso extremamente competente que além dos já mencionados Ledger e Eckhart, ainda conta com Michael Caine como Alfred, Morgan Freeman como Lucius Fox, Maggie Gyllenhaal como Rachel Dawes e Gary Oldman brilhante como Comissário Gordon.
É um filme pesado e exaustivo, você sai do cinema em estado de choque, sem conseguir assimilar tudo que viu nas últimas duas horas e meia. E por isso mesmo vou encerrar este post aqui, preciso digerir melhor a experiência, este post inaugural é quase um desabafo, pois não dá para assistir a "O cavaleiro das Trevas" sem querer falar alguma coisa depois.